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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Engenho da Rainha divulga sinopse para o enredo ‘Salve, Rainha’

O Acadêmicos do Engenho da Rainha finalizou na última semana o processo de criação da imagem “Salve, Rainha”, enredo da escola para o Carnaval 2016. A imagem desenvolvida pelo designer André Marques apresenta a fictícia “santa do Engenho da Rainha” segurando uma pena e um livro aberto, elementos que estão no pavilhão da agremiação, em uma homenagem as quatro santas homenageadas pelo enredo - Nossas Senhoras da Glória do Outeiro, da Conceição, do Rosário e da Penha. 

Ela simboliza também a fé dos moradores do bairro sede da escola. 

Criamos a imagem de uma santa ilusória para ser um marco na história da escola e do bairro, sintetizando a esperança do povo suburbano por dias sempre melhores, além de não criar problema com a Igreja. Esperamos que ela caia no gosto dos torcedores e moradores. Todos em nossa equipe estão muito felizes com o resultado final”, comemora Vinicius Rangel, diretor de carnaval do Engenho da Rainha.

Enredo - “Salve, Rainha” é sobre as manifestações religiosas e profanas em torno das festas consagradas às Nossas Senhoras da Glória do Outeiro, da Conceição, do Rosário e da Penha, partindo da popular oração à Nossa Senhora. Em alusão ao nome do bairro, que é sede da primeira Academia de Samba do Brasil, a Engenho da Rainha também exaltará suas origens e sua contribuição à cultura carioca, no carnaval de 2016.

Compositores receberão a sinopse completa de ‘Salve Rainha’ em junho

Dona de três Estandartes de Ouro no Grupo de Acesso (1985-1986-1990), a ala dos compositores do Acadêmicos do Engenho da Rainha será recepcionada na quadra da escola no dia 7 de junho, na festa de lançamento do enredo 2016, quando será divulgada a sinopse completa de “Salve, Rainha”. Na ocasião, o carnavalesco Diangelo Fernandes e professor Rogério Rodrigues, responsáveis pelo tema, estarão à disposição para sanar qualquer dúvida dos compositores. “Trabalhamos duro para desenvolver uma sinopse capaz de auxiliar da melhor maneira possível os concorrentes à disputa de samba. Com a imensa qualidade que temos em nossa ala de compositores, temos tudo para ter um samba histórico no próximo carnaval”, espera Diangelo, que assinará seu quarto desfile na escola em 2016.

Confira a apresentação do enredo


Salve, Rainha
por Rogério Rodrigues

Inspiração e homenagem
AS RELIGIÕES NO RIO
Cecy est un livre de bonne foy.
MONTAIGNE

A
MANUEL JORGE DE OLIVEIRA ROCHA
Meu amigo

A religião? Um misterioso sentimento, misto de terror e de esperança, a simbolização lúgubre ou alegre de um poder que não temos e almejamos ter, o desconhecido avassalador, o equívoco, o medo, a perversidade.

O Rio, como todas as cidades nestes tempos de irreverência, tem em cada rua um templo e em cada homem uma crença diversa.

Ao ler os grandes diários, imagina a gente que está num país essencialmente católico, onde alguns matemáticos são positivistas. Entretanto, a cidade pulula de religiões. Basta parar em qualquer esquina, interrogar. A diversidade dos cultos espantar-vos-á. São swendeborgeanos, pagãos literários, fisiólatras, defensores de dogmas exóticos, autores de reformas da Vida, reveladores do Futuro, amantes do Diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de Sabá, judeus, cismáticos, espíritas, babalaôs de Lagos, mulheres que respeitam o oceano, todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto.

Quem através da calma do semblante lhes adivinhará as tragédias da alma?

Quem no seu andar tranqüilo de homens sempaixões irá descobrir os reveladores de ritos novos, os mágicos, os nevrópatas, os delirantes, os possuídos de Satanás, os mistagogos da Morte, do Mar e do Arco-Íris? Quem poderá perceber, ao conversar com estas criaturas, a luta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a luta que faz mil religiões à espera de Jesus, cuja reaparição está marcada para qualquer destes dias, e à espera do Anti-Cristo, que talvez ande por aí?

Quem imaginará cavalheiros distintos em intimidade com as almas desencarnadas, quem desvendará a conversa com os anjos nas chombergas fétidas?

Eles vão por aí, papas, profetas, crentes e reveladores, orgulhosos cada um do seu culto, o único que é a Verdade. Falai-lhes boamente, sem a tenção de agredi-los, e eles se confessarão - por que só uma coisa é impossível ao homem: enganar o seu semelhante, na fé.

Foi o que fiz na reportagem a que a Gazeta de Notícias emprestou uma tão larga hospitalidade e um tão grande ruído; foi este o meu esforço: levantar um pouco o mistério das crenças nesta cidade.

Não é um trabalho completo. Longe disso. Cada uma dessas religiões daria farta messe para um volume de revelações. Eu apenas entrevi a bondade, o mal e o bizarro dos cultos, mas tão convencido e com tal desejo de ser exato que bem pode servir de epígrafe a este livro a frase de Montaigne:

Cecy est un livre de bonne foy.

João do Rio”

            Salve, Rainha!
            Consorte expatriada de Espanha e Portugal, cujo refúgio foram as terras dos tamoios, Freguesia de Inhaúma, janela, então, dos sertões cariocas.

            Salve, Regina Coeli!
            Encimada sobre o Outeiro de Uruçurmirim, que assistiu à Glória dos re-fundadores Lusitanos desta Muy Leal Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
            Salve, Iabá!

            Mãe dos Pretos Forros, Rainha do Congo, Protetora de Cortes arrancadas à força e obrigadas ao sincretismo que resiste e é legado para todo o sempre.

            Intercedei para que todas as Graças em todos os Vossos nomes sejam alcançadas!

            Oh, Imaculada Concepção de Nosso Senhor!
            Mãe de todos nós, ventre das nossas águas sagradas...

            Olhai por nós do cume da Pedra avistada pela gente deste subúrbio esquecido, prenhe de preces, culturas e histórias.

            Salve, Rainha deste Engenho, onde o samba faz morada e se renova em fé em todas as suas estações.

            Salve a Primeira Academia, agora e por toda a sua permanência.

            Amém!

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